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Acolher a diversidade em nós



Falar de Diversidade, Equidade e Inclusão é importante. Naquilo que deve ser celebrado e o que ainda tem que ser combatido. Por vezes, achamos que se falarmos numa coisa que é “negativa” a coisa aumenta quase como um efeito automático de se falar nela. Não é verdade. A minha experiência enquanto coach e jurista trabalhando em direitos humanos há mais de 10 anos diz-me o contrário: é importante falar nas coisas que nos incomodam, com as quais nos sentimos desconfortáveis. É mesmo o primeiro passo para melhor lidarmos com elas, as resolvermos ou as aceitarmos.


Falar de Diversidade, Equidade e Inclusão é importante, especialmente para quem não tem acesso aos mesmos recursos, para quem tem sido sistematicamente discriminado ou tratado como “outro”, de forma desigual.

É importante reconhecer que há caraterísticas visíveis que nos diferenciam, assim como há características invisíveis que nos diferenciam. Cerca de 80% da nossa diversidade é invisível.

Mas para falarmos de Diversidade, Equidade e Inclusão é importante, em primeiro lugar, olharmos para dentro de nós e reconhecermos a nossa própria diversidade, visível e invisível.

Eu sou mulher, cisgénero, heterossexual, branca em Portugal e “mulher de cor” nos EUA. Sou casada com um americano, portuguesa, e tenho dois filhos com uma identidade diversa da minha. Uma filha birracial, neuro diversa, com Pai guineense, e um filho cujo Pai é americano e que será qualificado como o típico homem branco, no futuro. Como é o Pai americano. O primeiro desafio para qualquer pessoa que fale de Diversidade, Equidade e Inclusão é o de abraçar e reconhecer a sua própria diversidade, da sua origem, da sua família.


Quais os aspetos de diversidade que abraçamos e acolhemos sem hesitação? E quais os aspetos que não mostramos, de que temos vergonha ou relativamente aos quais sentimos que podemos ser julgados?
Esses aspetos de nós podem tornar-se obstáculos se não forem reconhecidos, podem transformar-se numa espécie de peso que nos puxa para baixo, quando tentamos dar passos para chegar mais longe.

Quer no coaching, quer quando dou formação em matérias de direitos humanos, como a igualdade de género ou luta contra a violência contra crianças e mulheres, o primeiro trabalho a fazer é encorajar os participantes a olhar ao espelho: quais os aspetos em si que estão a resistir quando se trata de acolher os outros e na sua diferença ou na sua vulnerabilidade? Por vezes há culpa por não ter feito nada antes, outras vezes trata-se do desconforto de não saber lidar com a diferença do outro, há também o peso da educação e do ambiente onde cresceram, que condicionou a pensar e sentir de determinada forma.

Falar de Diversidade, Equidade e Inclusão é importante. Começando pela nossa própria diversidade:

  • Quais os aspetos de diversidade em mim que eu reconheço e abraço sem hesitação?

  • Quais os aspetos de diversidade em mim que eu não gosto de pensar ou falar?

  • O que estou a considerar “outro” em mim que me pode estar a impedir de dar o meu próximo passo?


Enquanto esse trabalho não é feito nada muda e nada se transforma.



Sara Guerreiro


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